Tuesday, June 28, 2011

Quem (f)/somos…


Porque amamos sem ter sede de amar

Queremos mas não temos vontade

Afirmamos o que queremos negar

E continuamos com sentimento de saudade

Como velas acesas numa casa sem ninguém

Como tristes meninos deixados no nada

Afirmamos o que queremos negar

E olhamos perdidos para a madrugada

Queremos ser quem nunca fomos

Ousamos querer ser donos das nossas vidas

Como se o nosso rumo pudéssemos decidir

Como se contra o tempo pudéssemos lutar

E viver para sempre, sem para sempre fingir…!


[Foto tirada por Pluca (Flickr Creative Commons) ]

Friday, February 04, 2011

E ela quando chora...

E ela quando chora

Chora lágrimas de prata

Porque o ouro já se esgotou

As suas lágrimas valiosas como diamantes

Porque eram tão raras, tão pequenas, tão tímidas

Ela sempre lutou e nunca tombou

Por isso as lágrimas são tristezas que jorram do coração

Que devia estar cozido a botões coloridos

Nunca desafiados, nunca sofridos

Para nada deixarem sair

Para não a fazer chorar

Para não a fazer cair

Porque se na vida erguemos muros é para serem fortes

Não para terem furos

Tuesday, July 06, 2010

E os sonhos servem?

Ela encontrou-se no caminho certo a fazer o que estava errado
Ele virou para o lado errado e eis que se cruzam no mesmo caminho

Ela dava passos leves
Ele seguia as grandes passadas do coração

Ela ia devagarinho...a medo...não sabia o que fazia
Não sabia o que ia encontrar no final do caminho
Mas continuava a andar porque o velho sábio lhe dizia que era aquele o seu ninho

Era o destino que a esperava
Mas ela só via preto....e chorava

Ele continuava
Pois era a fúria do sonho que o puxava

Era o motor da vida
Ele era o cinzento
Mas ela só o via de preto

Ela queria alcançá-lo
Queria chamá-lo
Ele demorava tanto a aparecer

Ela temia por ele
Ele nada temia

Ela recuava e mentia a si mesma
Ele gritava por ela

"Anda! Anda atrás de mim!

Ela começou a correr entretanto...
Mergulhou num poço de esperança
Ao longe tinha um fosso que teria de saltar para alcançar o sonho que a esperava...

"E os sonhos servem?"
Foi o que perguntou antes do salto...


*White Roses Princess*

Friday, August 29, 2008

Grito contra o silêncio



Não existem flores que vivam para sempre...

Sem que uma única das suas belas pétalas murche...

Queimada e zangada com o tempo.


As coisas belas não acontecem por que queremos que elas aconteçam.

As palavras não nos aparecem por acaso.

A vida não toma o seu rumo sozinha.

E o silêncio impede que as palavras desenvolvam.


O silêncio que me constroí, flor plantada pelo vento,

que me isola,

que me conforta...

Mata-me de dia para dia...


É como se impedissem uma flor de morrer naturalmente...

É como se a vida tornasse tudo artificial...

Para não sermos tão frágeis..

Para ser mais fácil dizer adeus e ficar intacto...


Pois eu digo...

Deixem que as flores murchem sozinhas...

Vivendo e sugando a vida ao segundo..

Lutando contra o silêncio que lhes tira a liberdade...


Não as pisem para que morram mais cedo...

Não as cortem...

Não as deixem morrer à sede...

Sussurem-lhes palavras bonitas


Deixa-nas viver...e viver...

Até ao final...


E no final,

sentimo-nos flores com sentimentos preservados...

Com muitas palavras ditas, com muitas palavras por dizer...

No jardim da vida onde queremos a custo não ter que sofrer..

Onde queremos que a chuva caia para nos abençoar...


Onde as nossas lágrimas não passem de pequenas gotas de orvalho...

que acabam a secar com o calor de um sentimento puro...

Que é o poder cortar o silêncio com um grito que é a palavra!






[ Voltei...para a essência das palavras..num breve intervalo da minha vida ]


* White Roses Princess*

Monday, April 07, 2008

palavras segredadas...


Aqui despejo as minhas palavras.

três ou quatro...ou talvez mais...

Às vezes basta uma letra para escrever...



Uma letra em cada dia

Um segredo, um múrmurio

Músicas que canto só para mim...



Tantas vezes me sinto nas palavras..

outras vezes nem as sei escrever...

Ao contrário, sem sentido

Sem rumo, nada medido.

Sem rima, nem pudor...


Porque escrevo e sinto

Escrevo e as palavras voam

Escrevo e não sei para quê escrever

Escrevo e deixo a mágoa nas palavras


Na esperança que elas me perdoem

...por desistir...por as deixar...



Por isso agora aqui as despejo...

São escravas do papel,

Escravas digitais

Momentos lidos e segredados

Passagens de sentimentos já negados


Deixo-as sozinhas

na esperança que alguém as leia

e não pergunte quem as escreveu!

Monday, January 21, 2008

Ela....


Era cedo e ela já batia à porta...

Era com relutância que a deixava entrar...



Vadia...

Triste...

Abrasadora..

Arrasadora...

Descontente...



Roeu-me a alma...

E não me deixou em paz...



Fria..

Distante...

Destruidora...

Possante...

Só...



Veio ter comigo e viu-me bem...

viu bem na alma que havia um buraco...



Escavou...

Escavou..

Saltou...

Destruiu...



Fez-se um buraco maior...

Mais vazio...mais lembranças...



Lembrei-me do que sinto cá dentro...

Lembro-me do que está em mim...



Revivi mágoas distantes...

Agora vejo que sou quem eu era...



Rompeu pelo meu coração fora...

sempre a dizer que eu não valia nada...



Fazia-me falar o que não queria falar...

Acreditar no que estava à vista...



Faz-me acreditar no hoje e no amanhã...

Faz-me temer o futuro...



Ela é a má da fita...

Ela é o que me destroí...

Ela vive comigo...



Dá dó pensar assim...
[Peço desculpa pela minha ausência....]

Wednesday, December 19, 2007

A menina que escrevia o diário...


Ao abri-lo sentia o calor das suas páginas...

o perfume ideal de um diário...

O preencher de uma vida...

em bocados escritos aqui e ali...

" Querido Diário" em todas as páginas...

Corações pintados e promessas de adolescente rebelde...

Desabafos, fantasia...

Era a escrita da menina que sonhou...


Tão alto ela sonhava...

em ser luz na noite escura e fria...

Em ser presença no coração do príncipe encantado...

Em subir a um cavalo...

e correr pelo mundo fora...

com o vento a bater na sua face rosada...


Esta era a menina que saía de casa sem sair...

De mochilas às costas para descobrir o mundo...

E lá no fundo, bem no fundo...

Ela foi a descoberta do próprio mundo...


A menina que nunca parecia adormecer....

Sonhava de dia....de noite....

Viajava num sonho real...

nas páginas num diário cheio de mensagens secretas...


Palavra a palavra...

Letra a letra...

Delineavam-se encontros casuais...

Entre a realidade e a fantasia...

de um diário de ideais...


Fecha-se o diário...

Chave de ouro para o fechar....

Fecha-se o coração outrora aberto...

Para anos depois o ir procurar...
[Tenho andado ausente deste cantinho...confesso que já tinha saudades de vir aqui escrever.....mas a inspiração é cada vez menor...... ]