Ao acordar senti a suave neblina da manhã a bater-me na cara, mesmo com as janelas fechadas, mesmo com tudo fechado. Senti o frio de todas as manhãs, senti o confortável toque do céu. Senti-me como se tivesse dado um mergulho no mar gelado. Tive um sonho triste e mil sensações me imvadiram a mente. " Quando vais dormir não penses em mais nada, simplesmente adormece. Amanha será um novo dia", dizia o meu avô sempre com a sua razão. Mas eu teimava em sonhar com perdas e com o inifinito, com o sentido da vida, com reviravoltas, com pessoas que nunca vi. Estranho era ter sonhos repetidos todas as noites. Era como se em cada noite me contassem a mesma estória para adormecer...sempre a mesma balada.
Era como se tivesse um contador de estórias a viver no meu inconsciente. E será que tinha?Será que tenho?Nem sei, dava para escrever um livro com tudo o que poderia imaginar e retirar do mundo dos sonhos. Um dia sonhei quer era uma ave a voar pelos céus, por de cima das montanhas, por cima do mar. Eu uma ave?Que estupidez. Será o meu desejo de liberdade?Via tudo cá em baixo como formiguinhas. No entanto, tudo o que passava começava a ser mais nítido na minha cabeça. As pessoas que desconhecia fisicamente mas que eu sabia que eram conhecidos, que me diziam algo, vagueavam pelas ruas e recitavam poesia. Absurdo? Não sei. Na cabeça de uma ave e nos sonhos de uma jovem, diria que tudo pode acontecer.
Noutro dia, mesmo tendo me esforçado por seguir o conselho do meu avô, acabei por me deixar levar pelo contador de estórias. Desta vez era mesmo eu. Eu a encontrar-me comigo mesma. Eu a dizer o que jamais diria. Eu a fazer on incalculavel. Eu a mostrar o lado cruel do mundo. Encontrei um estranho na rua. Era apenas um vulto, não lhe consegui ver a cara. Disse-me ser um sem abrigo. " Venho de longe.Perdi os tesouros que tinha.Depois de andar às voltas neste labirinto percebi que nunca estamos sozinhos. Há sempre algo ou algúem à nossa volta. ", acrescentou. Surgiram as lágrimas.
Ensopei a almofada. Falei para o contador de estórias.Perguntei o porquê de tantos sonhos. O pequeno boneco da minha cabeça não me respondeu. Limitou-se a deixar-me voar outra vez para a minha própria realidade.
Ensopei a almofada. Falei para o contador de estórias.Perguntei o porquê de tantos sonhos. O pequeno boneco da minha cabeça não me respondeu. Limitou-se a deixar-me voar outra vez para a minha própria realidade.
Não queria que ele desaparecesse. " Conta-me mais sobre ti", sussurrei-lhe. Continuei sem resposta.
Sonhos são engimas da vida. São estórias sobre tudo. São lições. Para viver é necessário sonhar e para sonhar é necessário viver, ter os pés bem assentes na terra. Foi isso que eu entendi. O silêncio falou pelo contador de estórias. Durante toda a noite o silêncio contou uma estória por mim.